abril 17, 2005

Pequena reflexão adicional sobre o “apelativo”

Antes do 25 de Abril, pode dizer-se que existiam dois matutinos (O Século e o Diário de Notícias), quatro vespertinos (Diário Popular, Diário de Lisboa, República e A Capital) e um semanário (Expresso), A televisão começava a emitir às 19h e terminava, no máximo, pela meia-noite. As estações de rádio autorizadas eram a Emissora Nacional, o Rádio Clube Português, a Rádio Renascença, a Rádio Miramar e os Emissores Associados de Lisboa. À excepção da RTP e da Emissora Nacional, todos eles eram órgãos de comunicação privados.

Não existiam polémicas nem discussões políticas, estávamos com a União Nacional. As pequenas agitações sociais eram ignoradas ou discretissimamente noticiadas. O mesmo acontecia quanto a qualquer forma de violência ou de investigação policial ou criminal, para não perturbar a tranquilidade necessária à estabilidade. Protestos? Só em forma de lirismo poético, quanto muito acompanhado à guitarra. Rivalidades públicas? Só as do Benfica-Sporting, ou as da Simone de Oliveira-Madalena Iglésias. Erotismo? Só o do Parque Mayer. Ordinarices claras? Nem no Parque Mayer! Porém:


os jornais encontravam-se de boa - ou sofrível, quando “de oposição” - saúde económica.; à RTP não faltavam srs. telespectadores; a rádio também não se queixava, longe disso, do número de srs. ouvintes. A popularidade do Zip-Zip foi mesmo de tal ordem, que os que trabalhavam no teatro aproveitaram a diminuição de público que se começou a regista às segundas-feiras, para conseguirem negociar uma paragem semanal nesse dia.

Que tipo de “produtos” eram consumidos por quem os lia, via e ouvia? Em que consistia esse “nada” informativo e espectacular, esse zero do que hoje se procura estabelecer como “apelativo”de uma suposta “eterna natureza humana” que, todavia, os sustentava e viabilizava economicamente?

Como jogam, assim, actualmente a procura e a oferta ao nível do “apelativo”? E sobretudo: o que se joga nesse “apelativo”?

Metaforizando: em que medida o “apelativo” não se reduz ao nível da (de)formativa ração de aviário, que os frangos que nunca andaram no campo tanto apreciam e desejam? E quais são as razões justificativas para a existência de aviários?

Já agora, um momento de reflexão para galináceos e tratadores: o que se procura (e quem e com que intenção) estabelecer como “apelativo” ao nível da comida de frango? E que reflexos podem ter esses produtos no plano da saúde pública?

7 comentários:

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